segunda-feira, maio 14, 2012

Tempo obrigatório

É interessante analisarmos o tempo que dedicamos à televisão. Um número potencial de horas de trabalho, estudo e reflexão são colocados ao serviço do nada. Mormente quando são passadas a ver programas que em nada nos enriquecem. Falo sobre este assunto com propriedade, pois vivi quatro anos, literalmente quatro anos, da minha vida sem televisão. Quando me lembro destes anos vejo que muito do meu sucesso teve ali o seu arcaboiço. Sozinho no meu quarto, depois do trabalho, estudava e reflectia. Com certeza não foram os melhores anos da minha vida, mas foram os mais produtivos. Cada um deveria ter os seus quatro anos de vida sem televisão. Estou certo que muitos ignorantes ficariam mais cultos, inconsequentes mais sensíveis. Tudo isso em quatro anos – uma autêntica licenciatura, mas das antigas.

domingo, maio 13, 2012

Questões educacionais

No decorrer de uma tarefa em colaboração com alguns alunos disse a um deles “se quiseres avançar na tarefa podes faze-lo, mas não me associes a ti”. Continuo, “se o fizeres dás-me uma prova de que não posso confiar em ti no futuro.” O aluno refuta a minha argumentação, dizendo que da forma como perdia a confiança nele, ele também poderia duvidar da minha palavra no futuro.
No final chegamos a um consenso, creio que razoável, mas com indeléveis marcas na minha forma futura de lidar com os alunos.
Primeiro, aprendi que o distanciamento pode ser uma solução para não ser confrontado, principalmente quando procuro ser ético e íntegro em tarefas que me dedico livremente com quem não tenho obrigações. Segundo, não me revejo, enquanto aluno, no comportamento dos meus alunos.
As pequenas manifestações comportamentais que, por vezes, mas cada vez mais amiudadamente, assisto, fazem-me tremer e desconfiar que o respeito seja algo em decadência.

quarta-feira, maio 02, 2012

Acasos educacionais


Os discursos que pautam a educação, formal e informal, recaem na permissividade, dar liberdade às crianças para descobrirem, decidirem, pensarem sem condicionamentos.
Felizmente não tive essa educação, infelizmente fui rebelde à educação directiva que tive e muitas vezes sozinho descobri, decidi e pensei. Hoje, vejo vários episódios do passado com arrependimento. Com a idade aprendi que, na juventude aprendemos, na maturidade compreendemos.
Como as crianças não são capazes de compreenderem muito do que ouvem e retêm, o papel do adulto é fundamental, muito mais do que o mero espectador que só está presente para amparar. Defendo que o adulto deve estar presente para orientar, decidir e muitas vezes bloquear.
Talvez este seja um pensamento retrógrado para a sociedade hodierna, no entanto não posso deixar de verificar uma associação positiva entre a liberdade das crianças e adolescentes e o número de paredes riscadas; a Escola moderna e o desrespeito para com os professores e funcionários; a proibição dos pais baterem nos filhos e o aumento da imoralidade. Talvez sejam apenas meros acasos.