domingo, setembro 11, 2011

Ganhos de civillização?

Um dos mais recentes "ganho de civilização" que se assistiu em Portugal foi o direito ao aborto, ou melhor, utilizando um eufemismo que pouco minimiza a agressão da palavra, “interrupção voluntária da gravidez”.

Se a dualidade de pensamento de alguns líderes não me surpreende, pois normalmente os pensamentos contrários não colidem no tempo, no presente estou surpreendido porque os contrários acontecem em simultâneo e não há a real percepção dos disparates que se dizem.

Reclamam alguns com voz activa o direito alienável ao aborto, sabendo nós que não é mais do que voluntariamente tirar a vida a um humano. Por outro lado, e no mesmo momento, opõem-se à morte de certos tiranos que cometem atrocidades tais que só de referir arrepia o pensamento. Ou seja, pode-se matar um ser vivo, com vida própria no ventre materno, mas não um adulto tirano.

Parece-me que na nossa sociedade o que determina o direito à vida ou à morte é o escalão etário. Oponho-me a isso.

2 Comments:

Anonymous Leonardo said...

Parece-me uma pergunta válida e muito discutível. Não sou a favor da pena de morte porque penso que os criminosos têm direito à sua redenção durante a vida, nem que seja apenas moral, ou mesmo através de trabalho comunitário devidamente orientado e controlado. Ao contrário destes criminosos, um embrião não tem ainda um cérebro consciente formado, é um ser puramente biológico, se assim se pode dizer. Mas poderá vir a formar um cérebro consciente que o leve aos mais graves crimes. Ou apenas a ser uma criança extremamente infeliz e que morre à fome aos 4 anos no "Corno de África", por exemplo. Pode também vir a ser bem sucedida, não se pode prever o futuro, mas podem ser feitas projecções baseadas no contexto em causa. O que a mim me preocupa é a facilidade com que se podem fazer abortos, os motivos e as razões que se utilizam. Com a nova lei nem é necessário dar uma justificação para abortar. Nem aos outros nem a si própria.

11:40 da manhã  
Blogger Adilson Marques said...

Leonardo Neves,
Obrigado pelo comentário e pela reflexão que fazes sobre o assunto. Tenho uma posição diferente da tua relativamente à pena de morte, uma vez que considero que existem comportamentos que não são passíveis de redenção. Discordo ainda da decisão de um aborto poder ser baseado em projecções que se possam fazer, porque se assim for, então deveríamos simplesmente assumir que qualquer óvulo fecundado em qualquer país com baixo IDH deveria simplesmente ser abortado. É certo que sabemos que o futuro para muitas crianças parece estar condenado à partida, mas também sei que facilmente padecemos de um certo etnocentrismo social, considerando que tudo que não se assemelhe ao nosso contexto (ocidental e capitalista) é simplesmente precário. Quem tem poder e autoridade para julgar quem deve ou não nascer? Sempre coloco essa questão. Pelos vistos, baseado no que temos em Portugal, e aí concordo contigo, é simplesmente a mulher, que até pode utilizar o aborto como método contraceptivo.
Um abraço.

12:55 da manhã  

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