quinta-feira, julho 21, 2011

Não importa apenas ser feliz

Sob o argumento da felicidade quase tudo tem sido permitido. Este é, sem dúvida, o argumento mais vezes utilizado pelos simpatizantes da causa homossexual, ouvindo-se amiúde que “desde que sejam felizes isso é o que interessa”.
Utilizando o mesmo argumento – a felicidade como o valor mais nobre, coloco uma situação. Imaginemos que a minha felicidade passa por casar-me com duas mulheres, ao mesmo tempo. Por sua vez, a felicidade das duas mulheres reside no facto de estarem casadas comigo. É isso suficiente para mudar a lei e tornarmo-nos numa sociedade polígama? Não creio, no entanto sei que os mais liberais poderão dizer que sim. Então outra situação. A minha felicidade passa pelo casamento com uma criança de dez anos. Acrescenta-se ainda que os pais da criança rejubilam com esta união e a criança está também igualmente feliz. É argumento suficiente para permitir uma relação dessa natureza? Creio que não.

10 Comments:

Anonymous mafalda said...

A homossexualidade ou a heterossexualidade nada têm a ver com escolhas ou perturbações sexuais. Nada têm a ver com a falta de respeito por si próprios e pelos outros de que os seres humanos são capazes. Se uma criança de 10 anos é entregue pelos próprios pais a um adulto, é terrível imaginar o que não terá sido a miséria das suas vidas para que isso constitua motivo de felicidade. Hoje ouve-se dizer que aumentar os seios faz subir a auto estima. Que sociedade reduz tudo a sexo? Nunca conheci histórias felizes de prostitutas de poligamias ou pedofilias, começam e acabam todas em frustação. E não penso que sejam os homossexuais ou os seus simpatizantes os culpados pela hipocrisia da raça humana.

1:34 da manhã  
Anonymous mafalda said...

Hoje venho despedir-me.
Não sei como fui parar a este blog, apenas lembro que achei interessante o que dizia, desafiador, que poderia haver uma troca de opiniões que me levasse a horizontes mais abertos.
Afirmou que é um leitor compulsivo, que gosta de explorar diferentes assuntos. Depois de ler este seu comentário apercebi-me que afinal você tem ainda um longo caminho a percorrer e só me atrasaria. Fez-me lembrar os turistas que viajam muito mas nada absorvem, nada aprendem pois só sabem criticar.
Ontem ouvi uma professora afirmar com orgulho que era racista. Ontem calei-me porque a rapariga deu-me dó. Hoje li no público em "arrependimentos colectivos-http://arrastao.org o seguinte:...talvez seja mesmo a hora de mudar de atitude, acabar com a benevolência com que temos olhado para o crescimento destas ideias políticas na europa. O perigo poderá vir de fora mas estar a germinar cá dentro." Hoje não me calo. A sua conversa sobre os homossexuais cheirou-me a ignorância, assim como todas as conversas a favor do racismo, da xenofobia, etc.
Goodbye

7:02 da tarde  
Blogger Adilson Marques said...

Cara Mafalda,
Obrigado pelas suas palavras e honestidade.
Como se despede do blogue, despeço-me de si. É certo que sou ignorante e limitado no pensamento, mas não creio que esteja muito avançada em relação a mim, simplesmente avaliando pelas as suas palavras. Se é tolerante, então deveria tolerar as minhas ideias, caso contrário demonstra falta de respeito para com todos os que pensam diferente de si. Esse autoritarismo é que deve ser reprovado.
Se a sua ideia era trocar opiniões, então parece que estava no local certo, uma vez que tínhamos opiniões diferente. Mas como de pronto reprova a minha, enaltece a sua e ofende quem pensa de forma diferente, concluo que não está verdadeiramente aberta ao diálogo.
Um abraço.

12:57 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

Surpresa!

A homossexualidade é uma característica não é uma escolha. Nada comparada com a pedofilia ou casamento de crianças ou com a poligamia mesmo que consentido. No primeiro caso, nada torna aceitável a violação do direito de uma criança de se desenvolver e o consentimento não tem qualquer valor face ao facto de a criança não estar suficientemente desenvolvida para tomar essa decisão. No segundo caso, ainda que possa ser possível e até aceitável na medida que é uma decisão de 2 ou 3 adultos a sociedade ainda não está preparada para a assumir, não nego a hipótese de um dia isso poder vir a ser discutida. Mas nenhuma das situações que indicou são comparáveis com a homossexualidade porque nos casos que apresentou são escolhas a homossexualidade não é uma escolha é uma característica que não interfere com o direito e a liberdade do outro. No caso da pedofilia por exemplo pode até ser considerada uma característica mas ela interfere com a liberdade e a capacidade de escolha de outro e por isso nunca deixará de ser um crime.
O que posso dizer é que os seus argumentos são altamente falaciosos e prova de que desconhece o que de facto é a homossexualidade.
O seu post só vem confirmar que a sociedade tem ainda um longo caminho a percorrer e que as habilitações literárias sendo tão importantes não são suficientes para que as pessoas saibam reconhecer os direitos e garantias dos outros.

Lamento, lamento mesmo e apenas posso sugerir que se informe mais sobre o assunto.

2:30 da tarde  
Anonymous Leonardo said...

Bem, parece-me um tema plausível de discussão. Em relação ao casamento homossexual ou à poligamia, o que a meu ver pode ser questionado, é o facto de poder distorçer o que são as tendências biológicas do ser humano(que levam à continuação da espécie) e sócio-culturais da sociedade. Isto pressupondo que se aceita de forma geral que são premissas biológicas, que no seio da sociedade e educação, determinam as escolhas e personalidade de cada um. Utilizo o mesmo argumento para a adopção de crianças por casais homosexuais: Na sociedade em que vivemos, na qual a homossexualidade tem uma conotação depreciativa, pergunto-me se as crianças adoptadas nessa situação não terão um desenvolvimento psicossocial influenciado pela sua situação, que não escolheram, tal como aquela de que eventualmente foram retirados (orfanato). Penso portanto, que é impossível que todos sejam completamente felizes e que a liberdade absoluta também é questionável, uma vez que sem regras de convívio, de comportamento e leis o Mundo seria ainda mais confuso e seríamos puros animais irracionais fazendo uso do nosso livre arbítrio e perseguindo as tais premissas biológicas.
Estou apenas a reflectir, a pensar alto, pois não tenho formação nem idade, nem experiência para me achar com certezas. Deixo então uma questão no ar, bem geral e abstracta, mas que penso que deve ser o ponto de partida para questões deste género: Qual o caminho que se pretende que a nossa sociedade siga?

10:07 da tarde  
Blogger Adilson Marques said...

Caro anónimo,
Agradeço muito o seu comentário, somente lamento o facto de se apresentar como anónimo, pois creio que dar-se a conhecer é importante para o diálogo, bastando para tal um nome, nem que seja fictício.
Sem qualquer ironia, e demonstrando a minha ignorância, agradecia que me elucidasse sobre o que é verdadeiramente a homossexualidade.
O que verifico, é que sempre que manifesto a minha opinião, sendo muitas vezes contrária a das pessoas que se auto-proclamam abertas, reitero, auto-proclamam-se, ela é automaticamente reprovada.
Apraz-me perguntar-lhe, em que se baseia, efectivamente, para afirmar que a homossexualidade é uma característica?
Sempre que coloco essa questão recomendam-me que leia. É bem certo que posso faze-lo, mas se tem esse conhecimento, peço-lhe que o partilhe comigo, uma vez que tem o domínio do assunto, ao contrário de mim. Pessoalmente, seria isso que faria.
O post não tinha intenção de ser uma dissertação sobre a homossexualidade, queria somente mostrar que o argumento da felicidade nem sempre é válido. Creio que todos os leitores, ou a maior parte, se sentiram obrigados a defender a homossexualidade. Sendo algo natural, não nada a ser defendido, tomem-me somente por ignorante, mas aberto ao diálogo, não me recusando a discutir com quem tenha um ponto de vista diferente, sem fazer qualquer insinuação sobre o carácter, conduta, ou nível intelectual dos outros.
Um abraço.

1:04 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

Caro Adilson,
Em resposta ao seu comentário posso dizer-lhe que relativamente à minha identificação, não o fiz porque não considerei importante para a discussão, no entanto se para tal basta um nome nem que seja fictício aqui fica um "Anónimo".
Relativamente ao que é a homossexualidade aqui fica a definição publicada na Wikipédia que por sua vez cita a American Psychological Association:
"Homossexualidade (também chamada de homossexualismo[nota 1]) (do grego antigo ὁμός (homos), igual + latim sexus = sexo) refere-se ao atributo, característica ou qualidade de um ser, humano ou não, que sente atracção física, estética e/ou emocional por outro ser do mesmo sexo. Enquanto orientação sexual, a homossexualidade se refere a "um padrão duradouro de experiências sexuais, afectivas e românticas principalmente entre pessoas do mesmo sexo"; o termo também se refere a indivíduo com senso de identidade pessoal e social com base nessas atracções, manifestando comportamentos e aderindo a uma comunidade de pessoas que compartilham da mesma orientação sexual.""
para uma leitura mais profunda recomendo este link:
http://www.apa.org/helpcenter/sexual-orientation.aspx
Quando pergunta em que me baseio para afirmar que a Homossexualidade é uma característica, posso dizer-lhe que além da literatura baseio-me na minha experiência pessoal, sou homossexual e sei que não é uma escolha minha, se pudesse escolher acredite que seria heterossexual seria muito mais fácil, a única escolha que tenho reside na forma como lido com essa minha característica, ou nego-a e finjo ser o que não sou reprimindo-me ou aceito-a e enfrento os olhares da sociedade com dignidade. Até ao momento não vejo como esta minha característica e a forma como lido com ela afecta ou vá contra algum valor defendido pela sociedade onde vivemos, de qualquer forma se souber de algum que eu até ao momento não tenha identificado não hesite em partilhá-lo comigo.
Acredito que só tinha em mente discutir a validade da felicidade como argumento para alguns actos, mas por sua vez utilizou falsas premissas, que não podem sustentar os seus próprios argumentos.
Relativamente aos autoproclamados abertos, acredito que não esteja a falar de mim dado que em nenhum momento essa questão se colocou no meu post.
Cumprimentos.

3:36 da tarde  
Blogger Adilson Marques said...

Caro Anónimo,
A forma como abordou a sua identidade foi perspicaz e até engraçada, sendo de todo válida, utilizando as minhas próprias palavras que qualquer nome serviria. Assim sendo, irei trata-lo por Anónimo, não por não saber a sua identidade, mas por ser o nome que optou, passando a ser, logicamente, um substantivo próprio nessa conversa.
Obrigado pela definição da APA e prometo que irei ler as suas sugestões de leitura sobre o tema da homossexualidade.
É certo que não conheço nenhuma pessoa que prejudique as outras simplesmente porque tem determinada orientação sexual, mas volto a dizer que as coisas não devem ser aceites baseadas simplesmente nesse argumento. Caso assim seja, então o incesto deveria ser aceite, porque se me envolver com a minha própria mãe não estou a prejudicar ninguém. Logo deveríamos todos aceitar esse comportamento e até legaliza-lo.
Não vi em nenhuma das suas palavras a vaidade ou orgulho de ter uma mente aberta, mas vejo que considera a sociedade retrograda. Isso não quererá dizer que se sente na dianteira, ou seja, mais aberto?
O que sinto, cada vez mais, é que todas as pessoas que se consideram "abertas" (não estou a afirmar que é o seu caso, mas poderia ser), são intolerantes para pessoas "fechadas" (como é o meu caso), quando na verdade me consideram intolerante, mas os tolerantes é que não me toleram.
Agradeço muito as suas palavras. Um abraço.

1:12 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

Boa Noite.
Foi com atenção que li o seu post e foi com a mesma atenção que li os comentários.
Antes de emitir a minha opinião queria apenas dizer que as pessoas não devem ser julgadas de acordo com as suas ideias mas sim pela forma como aceitam ou não a ideia de outros. Acredito que a nossa capacidade de aprendizagem é directamente proporcional à nossa abertura perante as ideias de outras pessoas.
Quanto ao seu argumento no post creio que é válido(apesar de ser favor do casamento homossexual)a felicidade por si só não deve ser argumento para uma legalização de qualquer coisa. Mas a felicidade em conjunto com outros argumentos deve ser levada em conta. Pois mais que uma questão de felicidade aqui, na minha opinião, é uma questão de bom senso.
Acrescento ao meu comentário este artigo da Constituição da Républica Portuguesa

Artigo 13.º
Princípio da igualdade

1. Todos os cidadãos têm a mesma dignidade social e são iguais perante a lei.

2. Ninguém pode ser privilegiado, beneficiado, prejudicado, privado de qualquer direito ou isento de qualquer dever em razão de ascendência, sexo, raça, língua, território de origem, religião, convicções políticas ou ideológicas, instrução, situação económica, condição social ou orientação sexual.

Colocando isto penso que, perante a lei, a orientação sexual não deve servir de pretexto para uma desigualdade.
Finalizando, não creio que seja a mesma coisa comparar um casamento homossexual e um casamento polígamo pois as diferentes "populações" não são vistas da mesma maneira perante a sociedade.

Ass: João Casquinho

PS: desculpem o atraso temporal do meu comentário.

11:35 da tarde  
Blogger Adilson Marques said...

Casquinho,
Obrigado pelo teu comentário. Não foi tardio, é um contributo significativo para a discussão. A tua assinatura foi importante, porque na conversa já existe um Anónimo e assim não há confusão com os nomes.
As tuas primeiras frases são deveras interessantes e corroboro delas. Contudo, deitam abaixo um argumento muitas vezes utilizado, pois amiúde as pessoas afirmam que estamos sempre a aprender. De acordo contigo essa premissa é falsa, porque somente aprendemos na proporção da nossa abertura perante as ideias, o que significa que se alguém está fechado às ideias dos outros, logo não aprende sempre. Por consequência, a frase é falsa e estou deveras certo que não a utilizas, ou pelo menos não o irás fazer. (Esta última frase foi provocatória)
Parece que acordamos que a felicidade não é algo que seja uma justificação em si mesma para muitos comportamentos, sendo este o aspeto mais relevante do meu texto.
Relativamente à causa homossexual, parece que defendes a causa de acordo com a maneira como a sociedade vê o assunto e assumes que algo passa legítimo ou não de acordo com o julgamento social. Discordo de ti. Se bem sei, em 1543 toda a sociedade matou um homem porque assumiu que a Terra estava parada e tudo girava a sua volta, contudo, essa crença social não mudou a posição do Sol e nem fez a Terra parar para se posicionar no centro do universo. Sei que o meu exemplo é absurdo, mas é somente para demonstrar, através do absurdo, que o “olhar” da sociedade também não é argumento para validar ou não alguma coisa. As coisas devem-se validar por si mesmas. Logo, se defendes a causa homossexual como sendo simplesmente uma orientação sexual, então a poligamia e o incesto também são orientações sexuais, aceites por todos os envolvidos, logo deves também ser concordante com as mesmas.
Relativamente à constituição, também rebato que algo não passa a ser legítimo por estar na constituição. Bem sabemos que a nossa constituição é ideologicamente parcial, tendo uma orientação socialista. Discordo que assim seja, porque a constituição deveria ser neutra. Para além disso, ainda bem que a constituição não é cumprida integralmente nesse aspeto, porque a história mostrou-nos que o socialismo apenas serviu para destruir economicamente todos os países de Leste, assim como todos foram regimes ditatoriais, causando mais mortes do que as que ocorreram na II Guerra Mundial. Somente na União das Repúblicas SOCIALISTAS Soviéticas, em tempo de paz, Estaline foi responsável por mais de 60000000 de mortes. Conclusão, a carga ideológica da nossa constituição não é a melhor. Contudo, sendo aquela que temos, devemos segui-la. De acordo com a mesma, devemos ser coerentes e dizer que o casamento homossexual é um direito. Com isso concordo. Todavia, como indivíduo, com liberdade de pensamento e expressão, não tenho de concordar com uma coisa simplesmente porque a aceito legalmente. Ou seja, aceito a causa homossexual como um direito legal, não descriminante ninguém por ter essa orientação sexual, mas não a defendo.
Um abraço.

4:38 da tarde  

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